terça-feira, 3 de maio de 2011

PEÇONHENTOS



Os animais peçonhentos estão abrangidos num grupo uito grande. Neste grupo encontraremos animais providos de mecanismos naturais de defesa que entram em ação apenas quando são importunados, não havendo a possibilidade de o homem ser passivamente atacado e inoculado com a peçonha, cabendo um esclarecimento a respeito da diferença entre peçonha e veneno. Peçonha: é uma substância qualquer de origem animal, produzida por uma glândula, capaz de alterar o metabolismo de outro animal quando inoculada. (Ex: peixes peçonhentos como o bagre, o mangangá e a raia.) Na verdade, quando uma pessoa morde uma outra, sua saliva pode atuar como uma peçonha, apesar de sua baixa agressividade. Veneno: é uma substância de origem animal, vegetal ou mineral. Porém, não é produzida por nenhuma glândula nem é inoculada naturalmente. Os peixes venenosos são aqueles que produzem envenenamento, ou intoxicação, quando ingeridos ainda frescos, pois apresentam secreções tóxicas em seus organismos. (Ex: baiacu.) As conseqüências ocasionadas por uma peçonha estão diretamente correlacionadas à sua potência, quantidade inoculada, e peso e condições físicas da vítima. Provocam desde uma simples irritação à reações de extrema dor. Embora raros, os casos fatais advém, em grande parte, do choque e posterior afogamento. Assim, é importante retirar a vítima da água imediatamente após o ocorrido. De uma forma geral, não deve-se tocar, manusear ou importunar os seres marinhos desconhecidos, evitando-se os animais com formas e, principalmente, cores exóticas, que é a sinalização da natureza para o perigo. No grupo dos invertebrados marinhos peçonhentos encontraremos vários animais distribuídos em diversos ramos, como os poríferos (esponjas), os celenterados (caravelas, águas-vivas, corais, etc), os equinodermos (ouriços), os moluscos (conus e polvos) e os anelídeos (poliquetas). Os vertebrados marinhos peçonhentos são representados por algumas espécies de peixes, como o mangangá e o bagre.



ESPONJAS
Essencialmente marinhas, dos mares árticos até os tropicais, vivem desde a linha de maré baixa até profundidades de 6.000 metros. Incapazes de movimento e com o aspecto semelhante ao de várias plantas, apresentam o corpo poroso com formato e coloração variados e tamanhos que vão de 1 mm a 2 m de diâmetro. Fixam-se a rochas, conchas e outros objetos sólidos. Apresentam um esqueleto de sustentação formado de fibras irregulares de espongina, escleroproteína contendo enxôfre, daí o odor desagradável após algum tempo fora da água , combinadas com espículas calcárias (esponjas calcárias) ou silicosas (esponjas de vidro). A título de curiosidade, a esponja comercial, usada no banho, é o esqueleto flexível (espongina) de uma esponja marinha com todas as partes vivas retiradas. Em algumas espécies, mais evoluídas, as espículas estendem-se para fora da superfície do corpo produzindo uma aparência cerdosa. Seu epitélio externo, formado por células finas e chatas, pode secretar substâncias químicas irritantes (peçonha) para a pele humana. O resultado de um contato com as espécies mais perigosas, onde suas espículas penetram na pele com a conseqüente inoculação da peçonha, é uma dermatite desagradável e/ou dolorosa (reações alérgicas e/ou inflamatórias).

OURIÇOS Endêmicos em várias regiões do mundo, são encontrados principalmente nas áreas costeiras, como os costões e praias, em especial nas rochas, no lodo e na areia. O corpo, que na grande maioria tem de 6 a 12 cm de diâmetro (sem contar os espinhos), é esférico e sua superfície apresenta pés ambulacrários, utilizados na apreenção e locomoção, brânquias (pápulas pequenas e moles), pedicelárias e espinhos pontiagudos. Os espinhos são móveis e estão dispostos com relativa simetria, sendo um pouco maiores no equador e diminuindo para os pólos. Um espinho comum, formado por um único cristal de calcita, é afilado, ôco, quebradiço e não apresenta nenhuma glândula produtora de peçonha, mas pode possuir uma capa mucosa protetora contendo uma substância irritante. O contato brusco é acompanhado normalmente pela penetração do espinho na pele, produzindo desde uma ferida semelhante à ocasionada por uma "farpa" até uma lesão dolorosa e grave. As pedicelárias (pedúnculo longo e flexível cuja ponta apresenta três mandíbulas opostas e articuladas), características de todos os ouriços, apresentam-se de vários formas. O tipo mais perigoso, chamada de globífera, possui glândulas de peçonha __ sua função principal é a defesa. As mandíbulas são rodeadas por sacos de peçonha e, após cravá-las em algo, podem inocular sua vítima exercendo rápido efeito paralisante sobre pequenos animais. A penetração de espinhos na pele humana pode, nos casos mais sérios, ocasionar dor, edema e infecção. Uma picada de uma pedicelária pode produzir dor irradiada, parestesia e distúrbios respiratórios. A dor costuma diminuir após 15 minutos e desaparecer depois de uma hora. Felizmente, os acidentes com pedicelárias no Brasil são raríssimos.
POLIQUETAS

São vermes segmentados, comuns ao longo da costa brasileira, encontrados nos fundos arenosos e rochosos, geralmente sob as pedras ou enterrados na areia. Podem medir de 0,10 a 1,50 metros de comprimento. A cabeça apresenta apêndices sensitivos (pequenos tentáculos) e uma faringe protrátil com duas mandíbulas contendo dentes córneos. Cada segmento do corpo possui um par de parapódios laterais chatos com dois lobos, cada um contendo um cirro e um feixe de diversas cerdas filiformes. As cerdas de algumas espécies, que podem ser longas e apresentar cores irradiantes, provocam reações urticantes ao penetrar na pele humana. Algumas espécies, tidas como predadoras vorazes, são capazes de infligir uma mordida bastante dolorosa. Porém, acidentes desse tipo são raros no Brasil e pouco comuns em outros países. No entanto, ainda não está definido se há e qual o tipo de peçonha envolvida na mordida desses animais. A penetração das cerdas de algumas espécies pode produzir inflamação, intenso prurido, edema, infecção e parestesia por alguns dias. Acredita-se que essas reações possam estar correlacionadas com a urina desses animais, já que abaixo de cada parapódio lateral há um nefridióporo. A pequena ferida provocada pela mordida pode tornar-se quente e edemaciada, permanecendo assim por um ou dois dias. O edema pode evoluir para parestesia e prurido.

CONUS

Esses moluscos são encontrados junto aos fundos rochosos e/ou coralinos, em várias profundidades e por todo o litoral brasileiro. Seu corpo fica contido e enrolado dentro de uma única concha em espiral, cônica e assimétrica, medindo de 2 a 15 cm, com coloração bastante variada e exótica. Esses animais presentam duas estruturas características que são projetadas para fora da concha pelo lado mais fino desta: um tubo com formato de sifão, para "provar" a água e detectar suas presas, e uma probóscide (pequena tromba) para capturá-las. Esta última carrega um peçonhento dente radular ou dardo __ pequena estrutura oca, com cerca de 1,5 mm de comprimento __ que é lançado e imobiliza pequenos peixes e outras presas menores. Momentos antes de lançá-lo, a peçonha é impulsionada para dentro do dardo. Esse é então liberado na faringe e levado para a probóscide para ser impelido em sua vítima. Quando importunado, o animal normalmente se retrai para dentro de sua concha. O perigo surge quando ele estende sua pequena tromba e inocula a peçonha neurotóxica através do dardo. A picada do conus pode produzir sinais e sintomas variados, de acordo com a espécie inoculadora. Geralmente há um prurido local, evoluindo para parestesia em todo o membro, podendo evoluir para ataxia, tremores, dispnéia e distúrbios sensoriais na motricidade e sensibilidade. A maioria das espécies é capaz de provocar um ferimento muitas vezes bastante doloroso. No entanto, apenas algumas espécies que habitam os oceanos Índico e Pacífico, são responsáveis por casos fatais.

POLVOS
São encontrados em grande parte do litoral brasileiro, desde as águas rasas às mais profundas. Habitam as tocas e rachas do fundo e, embora costumem rastejar por entre as pedras, podem nadar por meio de um sifão. Possuem a cabeça grande, com dois olhos notáveis e uma boca equipada com fortes mandíbulas córneas e rádulas, circundada por 8 tentáculos com numerosas ventosas. Costumam medir de 5 cm a 10 m de comprimento quando distendidos. No entanto, as espécies maiores vivem a grandes profundidades, longe dos seres humanos. Os acidentes mais comuns são provenientes do enlaçamento dos seus tentáculos nos braços de um mergulhador. Deve-se, nesses casos, manter a calma e apertar a cabeça do polvo, o que interrompe sua respiração e faz com que ele abandone sua "equivocada presa". A mordida de um polvo, não muito comum, apresenta conseqüências bastante variáveis. Sua boca, provida de poderosas mandíbulas com rádulas em forma de "bico de papagaio", é capaz de morder com grande força. Ao morder, algumas espécies impregnam a vítima com sua saliva abundante que pode atuar como uma peçonha. Outras descarregam uma verdadeira peçonha com poder paralisante através das glândulas salivares. A mordida de um polvo apresenta-se normalmente como um ferimento puntiforme e pode ocasionar desde uma simples infecção até a morte (apenas duas espécies do Indo-Pacífico são potencialmente mortais). Em alguns casos ocorre a sensação inicial de queimação ou latejamento, com um desconforto localizado que depois pode irradiar-se para todo o membro. O sangramento é, freqüentemente, desproporcional ao tamanho da lesão. Pode, ainda, ocorrer edema, calor e hiperemia na área da lesão, porém a recuperação é quase sempre rotineira.

CELENTERADOS

finos com poucos nematocistos. Vivem nos mares quentes, da superfície até grandes profundidades, e não apresentam grande risco para o homem. O contato com seus tentáculos pode, no máximo, provocar reações urticantes locais.

ANÊMONAS-DO-MAR

São pólipos solitários, em forma de flor, com corpo cilíndrico curto, que habitam as águas rasas. Apesar de viverem fixas sobre o substrato marinho, são capazes de rastejar lentamente. Na extremidade superior está a boca rodeada por inúmeros tentáculos orais com variada coloração e alguns nematocistos. Devido ao pequeno tamanho de seus tentáculos, o contato com estes seres não produz maiores conseqüências do que leves a moderadas irritações no homem, já que a área atingida é normalmente muito restrita. O contato com as partes pouco sensíveis do corpo, como as mãos, pernas ou pés, produzem reações quase imperceptíveis. Porém, o contato com as partes mais sensíveis, como a face, lábios e a região inferior dos braços, pode permitir reações mais severas.

CORAIS
O organismo individual do coral é um pólipo em forma de anêmona com tentáculos curtos. Existem quatro tipos básicos de coral. Os corais pétreos, que vivem em uma taça pétrea com elevações radiais em colônias densas que produzem os corais calcários e os recifes coralinos nas águas relativamente rasas dos mares tropicais, os corais moles, que são pólipos com as partes inferiores fundidas em uma massa carnosa com esqueleto de espículas calcárias, muito comuns nas praias quentes, os corais córneos, que são colônias arborecentes com esqueleto axial de espículas calcárias e gorgonina côrnea, representados pelos corais vermelhos usados em joalheria e pelas gorgônias, e os corais negros, que são pequenos pólipos que formam um esqueleto arborescente de caules ramificados compostos de material côrneo, comuns nas águas tropicais mais fundas. Os acidentes com corais resultam do contato brusco com a sua região calcificada, provocando escoriações ou lesões que, embora superficiais, na maioria das vezes podem ser urticantes, dolorosas, de lenta cicatrização e potencialmente infectadas. O nível de gravidade dos cortes advém da possível combinação de alguns fatores: a laceração mecânica da pele pela estrutura cortante do exoesqueleto compacto calcário, com a penetração de material estranho na ferida, contato com a parte viva do coral (tentáculos com nematocistos) e possibilidade de infecção secundária. O contato simples, sem escoriação, com a parte viva dos corais apresenta particularidades semelhantes aos acidentes com as hidras, onde os danos são quase sempre mais brandos e, em alguns casos, imperceptíveis. Deve-se, no entanto, evitar o manuseio dos corais vivos com as mãos desprotegidas.
Existem em todo mundo uma grande quantidade de corais, dos mais variados, tipos e formas. Ha uma determinada espécie conhecida como coral de fogo, só encontrada na barreira de corais da Austrália que possui uma substância urticante semelhante a das água vivas. No nosso litoral o único perigo que os corais podem causar ao mergulhador são cortes ao contato . Sem uma devida proteção de uma roupa de mergulho e uma luva. OBS: E válido lembrar que o maior predador dos corais é o homem .

Os si
ntomas produzidos pelos acidentes com os celenterados variam de acordo com a espécie envolvida, o local atingido e o peso, sensibilidade e estado de saúde da vítima. As propriedades peçonhentas de um celenterado dependem, não somente da composição química da própria peçonha, mas também da quantidade de nematocistos descarregados e da capacidade dos mesmos de penetrar na pele da vítima. Os acidentes provocados pelos hidróides e plumas-do-mar costumam ser apenas irritações locais na pele. Os provocados pelas medusas, anêmonas-do-mar e corais produzem reações similares, mas geralmente são acompanhados por sintomas gerais. Já os sintomas produzidos pelas águas-vivas, medusas e caravelas variam bastante. Algumas produzem lesões suaves, enquanto outras são capazes de causar muita dor local e sintomas generalizados que podem produzir a morte em poucos minutos. Os sintomas mais freqüentes variam de uma leve irritação à uma queimadura com dor pulsátil ou latejante que pode tornar a vítima inconsciente. Em alguns casos a dor é restrita à área do contato, porém, em outros, pode irradiar-se para a virilha, abdômem ou axila. A área que entra em contato com os tentátulos geralmente torna-se hiperemiada, podendo ser seguida de grave erupção inflamatória, flictenas, edema e pequenas hemorragias na pele. Nos casos mais graves, pode ocorrer choque, câimbras, rigidez abdominal, diminuição da sensação de temperatura e toque, náuseas, vômitos, dor lombar severa, perda da fala, sialorréia, sensação de constricção na garganta, dificuldade respiratória, paralisia, delírio, convulsão e morte.
que ficam boiando na água. Assim, deve-se evitar a natação em locais habitados pelas águas-vivas e caravelas. Cobrir o corpo com óleo mineral, ou similar, pode ajudar a evitar apenas que os tentáculos grudem na pele. Ao remover os tentáculos de uma vítima, nunca use as mãos desprotegidas. Nematocistos ainda carregados podem inocular a peçonha nas mãos do socorrista e torná-lo outra vítima.
os os lados do pedúnculo caudal um pequeno espinho alojado dentro de uma baínha evidenciada pela coloração diferente do restante do corpo. São espécies costeiras de águas rasas que vivem em fundosMOLUSCOS BIVALVES coralinos ou rochosos nos mares tropicais. Quando sentem-se ameaçados, levantam seus espinhos cortantes e os posicionam em ângulo reto ao corpo. Um contato brusco com um desses espinhos poderá provocar uma ferida do tipo lacerante, muitas vezes profunda e dolorosa, porém sem inoculação de peçonha. Além dos possíveis procedimentos cirúrgicos, deve-se atentar para a ocorrência de infecções secundárias.

PEIXES-DE-BICO


Este ramo abrange os hidróides, plumas-do-mar, medusas, caravelas, águas-vivas, anêmonas-do-mar, corais e falsos corais. Os indivíduos podem ser solitários ou coloniais e apresentar-se de duas formas em seu ciclo vital: o pólipo, com corpo tubular onde a extremidade inferior é fechada e fixa e a superior apresenta uma boca central circundada por tentáculos moles, e a medusa, com corpo gelatinoso em forma de guarda-chuva ou sino marginado por tentáculos, boca na superfície inferior côncava e natação livre __ dependem, em grande parte, das correntes, ventos e marés para se locomover. O aparelho inoculador de peçonha é constituido de uma bateria de células denominadas nematocistos. Cada nematocisto consiste de uma diminuta cápsula arredondada, preenchida de líquido, contendo um fio tubular enrolado que pode ser projetado para fora. Embora possam ocorrer em quase toda a epiderme do animal, são mais abundantes nos tentáculos. Existem quatro tipos diferentes de nematocistos. Dois são usados na locomoção e apreensão de alimentos, não apresentando perigo para o homem. Os outros dois, usados em conjunto para capturar suas presas, apresentam um líquido peçonhento (hipnotoxina) que pode provocar uma grande irritação e uma intensa sensação de queimadura, além de ser um potente agente paralisante do sistema nervoso. O tipo penetrante tem um longo tubo filiforme enrolado. Quando descarregado, o tubo explode para fora e perfura a pele, inoculando a peçonha. O tipo envolvente contém um fio curto e espêsso enrolado. Na descarga ele se enrola fortemente em tôrno dos pelos da pele. Ao coçarmos a pele, devido à ação do tipo penetrante, estouramos uma pequena bolsa que ele carrega e inoculamos ainda mais peçonha nós mesmos. O sistema de descarga é ativado através de reações involuntárias (estímulos químicos e físicos). Por isso, os nematocistos podem ser ativados mesmo após a morte do animal. Das milhares de espécies celenteradas, relativamente poucas são perigosas de forma efetiva. Descreveremos apenas aquelas capazes de causar algum tipo de lesão ao homem.

HIDRÓIDES e PLUMAS-DO-MAR

Os hidróides e as plumas-do-mar são pólipos fixos, podendo ser solitários ou coloniais __ quando assemelham-se às plantas, com formato de pequenos arbustos, plumas ou mesmo musgos. Vivem nas águas rasas e sua reprodução, na maioria das espécies, se dá através do brotamento de pequenas medusas livres que não oferecem grande perigo. As plumas-do-mar coloniais não apresenta o estágio de medusa. Das espécies ocorrentes no Brasil, muito poucas são capazes de ocasionar lesões dolorosas. Embora algumas possam provocar sensações urticantes, na maioria das vezes os danos de um contato são praticamente imperceptíveis.

FALSOS CORAIS URTICANTES


São pólipos diminutos, coloniais e dimórficos, que se projetam através de póros em um exoesqueleto calcário maciço (carbonato de cálcio). Assemelham-se aos corais verdadeiros e são encontrados nos recifes tropicais até 30 metros de profundidade. Seus tentáculos são capazes de infligir lesões urticantes que variam de intensidade de acordo com a espécie envolvida. Algumas espécies ocorrentes em nossa costa e na costa da Flórida, conhecidas como "coral-de-fogo" possuem poderosos nematocistos capazes de provocar sérias lesões muito dolorosas.

ÁGUAS-VIVAS

Possuem os sexos separados e sua geração de pólipo é diminuta ou ausente. Apresentam o corpo gelatinoso, em forma de sino cúbico ou guarda-chuva, com pequenos tentáculos delicados e marginais. Sua boca, no centro da superfície côncava inferior, é circundada por tentáculos orais contendo muitos nematocistos. Vivem nos mares tropicais e subtropicais, nas águas pelágicas e costeiras, e nas praias. Podem ocorrer isoladamente ou em grandes grupos __ principalmente nos ciclos sazonais de procriação, em áreas que são, em geral, conhecidas pelos habitantes locais e evitadas por motivos óbvios. Flutuam calmamente e, apesar de poderem se deslocar por contrações rítmicas, estão, em grande parte, à mercê das correntes e ondas. Durante as tempestades um grande número delas costuma ser lançado nas praias. Seu alimento, peixes e pequenos invertebrados, é capturado e paralisado pelos nematocistos dos tentáculos orais e conduzido para a boca. São exatamente esses tentáculos orais que provocam acidentes com o homem. Todas as águas-vivas são capazes de infligir algum dano, porém apenas algumas espécies são realmente perigosas e podem provocar lesões muito dolorosas e sérias. Em nosso litoral são muito comuns as espécies capazes de provocar pequenas lesões e dermatites dolorosas. As mais perigosas, pouco comuns, podem infligir desde as lesões moderadas (dor pulsátil ou latejante, porém raramente causando inconsciência) às lesões severas (dor intensa que pode levar à perda da consciência e ao afogamento). Os acidentes com as espécies muito perigosas, denominadas vulgarmente de vespas-do-mar, e que podem provocar, além de erupções lacerantes e dor lacinante, falência circulatória e paralisia respiratória, são mais raros em nossa costa.
São comuns em águas frias, possuem em seus tentáculos, células urticantes que em contato com o corpo disparam um filamento urticante que gruda na pele. Um outro parente da água viva bastante perigoso é a Caravela , comum em águas quentes do Nordeste, e que possui tentáculos que podem atingir 1m de comprimento. Sintomas: Dor, irritação e vermelhidão na pele, em alguns casos até parada respiratória, caso a pessoa seja muito sensível à substância, e tenha uma grande área do tórax atingida. 1º Socorros : Devemos retirar os tentáculos não esfregar ou coçar, lavar com água doce em abundância, aplicar álcool, vinagre, amônia ou solução de bicarbonato de sódio.

CARAVELAS

A caravela é uma colônia flutuante formada por pelo menos quatro pólipos polimórficos. O pneumatóforo ou flutuador, que secreta gás para tornar a colônia flutuante, os pólipos nutritivos, que digerem o alimento, os pólipos defensivos, que apresentam longos tentáculos com muitos nematocistos grandes e poderosos, e os pólipos reprodutores. Na espécie mais comum do Atlântico, o flutuador, usado como uma verdadeira vela, pode atingir até 30 cm de comprimento e mudar de forma por contrações. Seus inúmeros tentáculos, longos e transparentes, podem atingir até 30 metros de comprimento e conter até 80.000 nematocistos a cada metro. A caravela é uma das mais temidas criaturas que se pode encontrar flutuando na superfície da água nos mares quentes __ sua maior incidência, em nosso litoral, ocorre no outono e no inverno. Seus tentáculos são capazes de provocar acidentes com sérias lesões, grande irritação e intensa dor. Alguns podem ser fatais.

MEDUSAS


Possuem os sexos separados e sua geração de pólipo é reduzida ou ausente. Apresentam o corpo gelatinoso de tamanho médio, em forma de sino ou guarda-chuva, e tentáculos
Traumatogenico

São os animais que, apesar de raramente demonstrar qualquer comportamento agressivo, são, ainda assim, capazes de ocasionar algum tipo de trauma ou lesão de forma acidental. Porém, sem a implicação de mordidas ou a inoculação de peçonha. A não ser nos poucos casos em que podem provocar afogamento, na maioria das vezes os acidentes com esses animais não costumam apresentar graves conseqüências.

ARRAIAS-JAMANTA


Peixes da classe Chondrichthyes (família Mobulidae, representada por duas espécies em nossa costa), cujas características principais são o corpo losangular, largo e de grande porte (atingem até sete metros de largura e duas toneladas), e um par de projeções carnosas flexíveis (nadadeiras cefálicas) ao lado dos olhos. Costeiras e oceânicas, nadam com relativa calma perto da superfície, muitas vezes com as pontas das nadadeiras peitorais saindo fora da água, nos mares tropicais e subtropicais. Alimentam-se de organismos planctônicos e são normalmente inofensivas. Entretanto, devido ao seu enorme tamanho e força, tornam-se perigosas para os nadadores e mergulhadores incautos ou imprudentes que podem eventualmente ser "atropelados" por ela. Nesses casos, a vítima pode sofrer graves lesões traumáticas, perda da consciência e afogamento. Os pescadores subaquáticos inconseqüentes que resolvam arpoá-las, serão certamente "rebocados" e, se não abandonarem a linha, poderão afogar-se também. Existem relatos de morte de mergulhadores de "narguile" cujas mangueiras de alimentação foram rompidas acidentalmente por estes enormes animais, atraídos pelas bolhas de ar eliminadas pelo mergulhador. Quando "ferram"ou se embaraçam na linha de um pescador de terra-firme, nosso conselho é - CORTE A LINHA , ou vai ter a impressão de estar segurando um trator com um barbante.

AGULHAS E AGULHÕES

São peixes da classe Osteichthyes (famílias Exocoetidae e Belonidae, respectivamente, cada uma representada por seis espécies ocorrentes em nosso litoral), cujas características principais são as mandíbulas com formato de bico ou agulha. Costeiros e oceânicos, nadam próximo da superfície da água nos mares tropicais, subtropicais e temperados do mundo. A pesca comercial artesanal desses peixes implica em alguns riscos para os pescadores. No norte/nordeste do Brasil, à noite, os pescadores saem com seus barcos (usualmente jangadas) e ao chegarem no local da pescaria acendem seus lampiões e lanternas. Em pouco tempo começam a surgir os agulhas e agulhões, que, atraídos pela luz artificial, praticamente se entregam aos pescadores ao pular para cima do barco. Quem estiver na frente de sua trajetória poderá ser atingido em qualquer parte do corpo, inclusive a cabeça, e sofrer sérias lesões perfurantes que necessitarão, muitas vezes, de atendimento cirúrgico de urgência e, posteriormente, de cuidados a fim de evitar possíveis infecções secundárias.

CIRURGIÕES (Lancetas)

Peixes da classe Osteichthyes (família Acanthuridae, gênero Acanthurus, representado por três espécies ocorrentes em nossa costa), cuja principal característica é possuir em amb

São peixes da classe Osteichthyes (no litoral brasileiro são representados pelas famílias Xiphiidae, com uma só espécie, o espadarte, e Istiophoridae, com cinco espécies, quatro marlins e o sailfish) cuja característica principal é o focinho (mandíbula superior) prolongado, com o formato de uma espada (somente o espadarte) ou de um agulhão. Essencialmente oceânicos, vivem desde a superfície até as águas profundas nos mares tropicais e subtropicais do Atlântico e do Pacífico. São muito valorizados e disputados pelos pescadores oceânicos, de onde vem a terminologia "peixe-de-bico ", . E é justamente na pesca oceânica, que os acidentes com estes peixes costumam acontecer. Vigorosos e incansáveis, lutam brava e furiosamente por várias horas quando fisgados e dão enorme trabalho para serem embarcados. Nesses momentos seus fortes bicos representam um grande perigo para os pescadores e sérias lesões perfurantes ou lacerantes podem ocorrer.

OUTROS PEIXES

Os peixes ósseos costumam possuir na estrutura de suas nadadeiras, em especial as ímpares (dorsal e anal), uma porção de raios duros (espinhos) capazes de perfurar a pele humana. Em alguns peixes esses raios duros/espinhos podem ser grandes, fortes e pontudos, tornando-se um sério perigo para aqueles que tentam segurá-los ou dominá-los após a captura. Os pescadores de todas as modalidades e os aquariofilistas. Apesar de não haver o envolvimento de uma verdadeira peçonha, sempre existe a possibilidade de alguma reação alérgica devido à inoculação do muco que recobre a maioria das estruturas externas dos peixes. Lesões cortantes ou perfurantes, com os possíveis traumas e conseqüências inerentes, são razões suficientes para se pensar duas vezes antes de tentar agarrar um peixe com as mãos nuas sem saber fazê-lo da forma correta.

O tratamento das lesões cortantes ou perfurantes provocadas pelos diversos peixes descritos anteriormente visa aliviar a dor e evitar a infecção secundária. A dor é a resposta imediata à lesão e ao trauma produzidos pela penetração do espinho, potencializada pela possível introdução de substâncias estranhas na ferida, como areia, lodo e outras partículas, ou mesmo o muco característico de alguns peixes. Assim, como primeira medida, deve-se lavar bem a ferida, irrigando-a com soro fisiológico, água doce ou mesmo, como último recurso, água do mar. Procure, concomitantemente, remover todos os resíduos e materiais estranhos aderidos. É extremamente recomendável, logo que possível, banhar a região atingida com água quente, em torno de 45 a 50 oC, por 30 a 90 minutos ou até que a dor ceda. Pode-se adicionar sulfato de magnésio à água, devido às suas propriedades anestésicas. Se o ferimento for em um dos membro deve-se fazer imersão. Porém, se for no tronco ou na face é indicado o uso de compressas quentes no local. Após os banhos quentes, preconiza-se a injeção intravenosa de gluconato de cálcio a 10%, para aliviar os espasmos musculares, e a infiltração local de anestésicos (lidocaína ou procaína a 2%) para debelar a dor. Não havendo resultados satisfatórios, o uso de analgesia narcótica (demerol I.V. ou I.M.) poderá ser instituído. Em seguida deve-se, dando prosseguimento ao tratamento, debridar a ferida, reconstituir cirurgicamente os danos teciduais, colocar drenos e aplicar curativos assépticos. Evite a sutura com fechamento da ferida. Nos casos de ferida aberta de grande tamanho utilize somente a aproximação, para seu fechamento por segunda intensão (após quatro ou cinco dias). Se o tratamento local for instituído a tempo e de forma adeqüada, provavelmente não haverá necessidade da administração preventiva de antibióticos, porém a toxina antitetânica deve ter sua aplicação rotineira. Havendo infecção da ferida, o uso do antibiótico é necessário. Como não há, até o momento, conhecimento preciso dos tipos de germes envolvidos, deve-se utilizar antibióticos de largo espectro. O tempo de uso varia de 7 a 21 dias, dependendo do caso.

Venenosos

Enquadram-se neste grupo, os animais capazes de provocar algum tipo de envenenamento quando ingeridos ainda frescos, pois podem apresentar secreções venenosas em seus organismos ou conter substâncias químicas venenosas (toxinas) acumuladas em sua carne. É interessante salientar a diferença entre peçonha e veneno. PEÇONHA: é uma substância qualquer de origem animal, produzida por uma glândula, capaz de alterar o metabolismo de outro animal quando inoculada. (Ex: peixes peçonhentos como o bagre, o mangangá e a raia.) VENENO: é uma substância de origem animal, vegetal ou mineral. Porém, não é produzida por nenhuma glândula nem é inoculada naturalmente (Ex: peixes venenosos como os baiacus.) Não deve-se confundir o envenenamento aqui referido com a intoxicação alimentar. Problemas gastrointestinais que costumam ocorrer quando se ingere algo que não está fresco e contém bactérias (na maioria dos casos provocada por contaminação secundária devido às más condições de conservação), e que um correto cozimento conseguiria, muitas vezes, evitar o problema. Não é fácil, entretanto, determinar com exatidão quando e quais animais podem estar venenosos, pois o problema não se restringe apenas a grupos facilmente indentificáveis ou mesmo a uma época do ano. Algumas espécies podem apresentar toxidade sazonal, enquanto outras só se tornam venenosas após consumirem ou se exporem à substâncias ou organismos venenosos. Além disso, os animais envenenados não são percebidos pela visão, tato ou olfato. O melhor procedimento para evitar o envenenamento por seres marinhos é conhecer e informar-se a respeito dos costumes e experiências locais, ainda que esse não seja um método preventivo infalível.
As conseqüências provocadas por um envenenamento estão diretamente correlacionadas com a quantidade do veneno ingerido, sua toxidade e com o peso e as condições físicas da vítima. Fazem parte deste grupo algumas espécies de moluscos, crustáceos e peixes que podem ser ou estar venenosos, de forma ocasional ou permanente.




MOLUSCOS BIVALVES


Ostras, mariscos, mexilhões, vieiras e outros moluscos bivalves (Filo Mollusca, Classe Pelecypoda), apesar de consumidos regularmente e em larga escala com bastante segurança, podem, de forma ocasional, em função do local onde vivem e da época do ano, estar envenenados. Através da filtragem da água que passa pelo local onde vivem, esses animais retêm pequenas partículas e micro-organismos planctônicos que lhes servem de alimento. Nesse processo, as substâncias poluentes e nocivas são retidas e vão aos poucos acumulando-se em seu organismo, sem provocar-lhes, porém, qualquer problema, pois são, quase sempre, imunes aos seus efeitos diretos e sobrevivem para passar a toxina aos animais que os devoram. Devido a esse hábito alimentar os moluscos bivalves podem ser contaminados, tornando-se venenosos ao consumo humano, em função de duas circunstâncias ambientais básicas: a poluição das águas e a proliferação exagerada de microalgas planctônicas que produzem toxinas. A poluição dos mares, baías e estuários, provocada pela emissão "in natura"de lixo e esgotos industriais e residenciais contendo metais pesados, coliformes fecais, bactérias patogênicas e outras substâncias nocivas, é um dos principais fatores que favorece a contaminação desses moluscos por poluentes. A proliferação exagerada de certas microalgas planctônicas, denominadas dinoflagelados, pode ocorrer em mar aberto, baías e estuários quando certas condições ambientais, como temperatura e concentração de material orgânico, estão propícias para tal. Em determinadas regiões e estações do ano essa proliferação exagerada, também chamada "bloom", torna-se concentrada o suficiente para tingir a água de tons marrom-avermelhados ou marrom-amarelados. As marés vermelhas, assim denominadas, ocorrem periodicamente em todo o planeta. As altas concentrações de dinoflagelados podem diminuir a concentração de oxigênio na água e causar a mortandade dos peixes da região, porém os moluscos bivalves conseguem filtrar esses organismos e acabam concentrando as toxinas produzidas por eles em seus tecidos. Existem várias espécies de dinoflagelados venenosos implicados na contaminação dos moluscos bivalves. No entanto, enquanto a toxina produzida pelos mesmos afeta muitos seres marinhos e o homem, os moluscos bivalves são imunes aos seus efeitos diretos. No homem a intoxicação provocada pelo consumo de moluscos bivalves provenientes das águas poluídas resultam em problemas gastrointestinais. Podem provocar gastroenterites leves à severas, usualmente acompanhadas de náusea, vômito, diarréia e dores abdominais que costumam aparecer doze horas após o consumo. Os metais pesados, por sua vez, vão-se acumulando ao longo dos anos no organismo humano e podem provocar diversos distúrbios fisiológicos. Já o envenenamento provocado pelo consumo de moluscos bivalves provenientes das áreas atingidas pela proliferação exagerada de dinoflagelados, e, conseqüentemente, contaminados por sua toxina (saxitoxina), é do tipo paralisante. Logo após o consumo inicia-se a sensação de formigamento e queimação na boca e lábios. De acordo com o grau de envenenamento a sensação de formigamento pode espalhar-se pelo resto do corpo, podendo ainda ocorrer dormência generalizada e dificuldade na movimentação e na respiração. Esses sintomas podem também estar acompanhados de aumento na salivação, sede e vertigens. Em alguns casos os sintomas são característicos de uma reação alérgica, com intumescência da garganta e dificuldade na respiração. A paralisia, nos casos mais graves, pode começar com dores nas articulações e dificuldade na deglutição. A morte, nesses casos, pode ocorrer. Alguns moluscos bivalves costumam ainda possuir vírus naturais que, ocasionalmente, podem ser nocivos para pessoas com o sistema imunológico deficitário ou com doenças hepáticas.


CIGUATERA

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne de várias espécies de peixes tropicais que têm seu habitat nos recifes coralinos. É considerada uma das mais sérias formas de envenenamento por peixe.Ao comer um peixe envenenado, o homem fecha a cadeia alimentar onde há a ocorrência da toxina. A cadeia começa com uma microalga que produz a ciguatoxina e vive na superfície de algumas algas. As microalgas são comidas, diretamente, pelos invertebrados filtradores e pelos peixes herbívoros e onívoros que se alimentam de algas, e, indiretamente, pelos peixes carnívoros que se alimentam dos invertebrados e dos peixes herbívoros ou onívoros. Como a ciguatoxina é cumulativa no organismo dos seres ao longo da cadeia alimentar, a medida em que se sobe na cadeia, maior a quantidade de toxina acumulada. Assim, um peixe carnívoro terá, provavelmente, maior quantidade acumulada do que um herbívoro. Das espécies de peixes implicadas com esse tipo de envenenamento (mais de 400 em todo o mundo), a maioria possui alto valor comercial para a alimentação humana e constitui a base de muitas industrias pesqueiras e peixarias locais. Normalmente, essas espécies estão livres da contaminação (boas para a alimentação). Porém, em determinadas áreas e épocas do ano, as mesmas espécies podem vir a ficar venenosas, em função da maior proliferação dessas microalgas, e permanecer venenosas por vários anos, já que a toxina não é eliminada de seus organismos. Dessa forma, torna-se difícil prever quando e onde a intoxicação ciguatera irá ocorrer. A intoxicação ciguatera costuma aparecer nas regiões tropicais e subtropicais (o que inclui o norte e nordeste brasileiros), porém a maior incidência se dá junto às ilhas do Pacífico Tropical, Caribe e mares da Índia. A seguir são apresentadas algumas famílias de peixes envolvidos em registros de ciguatera, com ocorrência em nosso litoral. Albulidae (Albula vulpes, Ubarana-focinho-de-rato) - carnívoros; Serranidae (Mycteroperca venenosa, Badejo-ferro) - carnívoros; Carangidae (Caranx hippos, Xaréu) - carnívoros; Lutjanidae (gênero Lutjanus, vermelhos) - carnívoros; Sparidae (Pagrus pagrus, Pargo) - carnívoros; Sphyraenidae (Sphyraena barracuda, Barracuda) - carnívoros; Scaridae (Scarus coeruleus, Budião-azul) - onívoros; Scombridae (gêneros Acanthocybium, Euthynnus, Sarda, e Scomberomorus ; cavalas e bonitos) - carnívoros; Monacanthidae (Aluterus scriptus, Cangulo-pavão) - onívoros; Ostraciidae (Lactophrys trigonus, Baiacu-cofre) - onívoros
A vítima normalmente percebe os primeiros sintomas da ciguatera, desde uma leve sensação de formigamento ou coceira na boca até a paralisia muscular, dentro das primeiras doze horas após a ingestão da carne do peixe envenenado. No entanto, os sintomas costumam aparecer com maior freqüência no período compreendido entre alguns minutos e cinco horas após o consumo. Entre os sintomas neurológicos mais comuns estão, as sensações de formigamento (na boca, face, mãos e pés), irregulares inversões de quente e frio, tonteira, gosto metálico na boca, dor muscular nas extremidades e dor nas articulações. Nos casos mais severos, pode ocorrer o coma e a morte. As dores abdominais, diarréias, náuseas e vômitos são sintomas menos comuns. Apesar de os sintomas neurológicos serem usualmente mais severos nos primeiros seis a dez dias, muitas vítimas podem queixar-se desses sintomas por períodos prolongados, que as vezes persistem por meses ou anos. Mesmo após curadas, algumas vítimas podem apresentar a recorrência dos sintomas ao ingerir algum tipo de alimento preparado com peixe.

ESCOMBRÍDEOS

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne de apenas alguns peixes específicos, com excelente valor comercial, que não foram corretamente conservados após a captura. Esse tipo de intoxicação envolve, predominantemente, os peixes da família Scombridae (atuns, bonitos, cavalas e cavalinhas) e alguns peixes de outras famílias, como a enchova (Pomatomidae) e a sardinha (Clupeidae). A toxina, chamada de escombrotoxina, é formada basicamente pela histamina e suas variantes e se desenvolve na carne do peixe através da atividade bacteriana que a decompõe (níveis perigosos da toxina podem ser produzidos em até seis horas após a morte do peixe mal conservado). Por razões ainda não conhecidas, a histamina ingerida junto com a carne do peixe deteriorada é muito mais tóxica do que a ingestão do preparado químico da histamina em solução aqüosa. Acredita-se que este fato se deve à presença de agentes potencializadores da toxidade da histamina, como a cadaverina e a putrescina, encontrados na carne dos peixes em estado de decomposição. Esta é a única forma documentada de ichthyosarcotoxismo na qual bactérias (que decompoêm a carne do peixe) estão diretamente relacionadas com a produção da toxina dentro do corpo do peixe. Entretanto, o tipo de envenenamento aqui tratado, que só costuma ocorrer nas espécies já descritas, não pode ser confundido com a tradicional intoxicação bacteriana que ocorre quando se ingere a carne de um peixe qualquer mal conservado. A vítima pode apresentar os seguintes sintomas, alguns minutos após a ingestão da carne contaminada: coceira e sensação de queimação em torno da boca, sede, vermelhidão da pele, urticária, queixas gastrointestinais, dor de cabeça, vertigens, náuseas, vômitos, palpitações e rápidas acelerações do batimento cardíaco. Apesar de normalmente brandos, estes sintomas costumam durar de quatro a seis horas. Nos casos mais sérios, podem ocorrer ainda queda da pressão sangüínea, dificuldades respiratórias e choque.

GEMPYLÍDEOS

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne dos peixes da família Gempylidae. Ainda assim, a espécie da família mais implicada com esse tipo de intoxicação é a Enchova-preta (Ruvettus pretiosus). Esse tipo de envenenamento, ainda pouco estudado, costuma provocar uma diarréia moderada que pode ser controlada com os medicamentos adeqüados. Acredita-se que este descontrole intestinal seja uma resposta do organismo humano à constituição oleosa da carne dos peixes dessa família.
TETRAODONTÍDEOS (Baiacús)

É o envenenamento provocado pela ingestão da carne de algumas espécies de baiacu (família Tetraodontidae), baiacu-de-espinho (família Diodontidae) e peixe-lua (família Molidae). Esse tipo de envenenamento é uma das mais sérias formas de intoxicação. Dentre todos os seres marinhos venenosos, os baiacus estão entre os mais perigosos. O potente veneno, (tetrodotoxina) que está normalmente contido no fígado, no intestino, nas gônadas e na pele de algumas espécies, dependendo da época do ano, pode, quando ingerido em altas doses, provocar uma morte bastante rápida (em até 15 minutos após a ingestão). No Japão, onde é chamado de "fugu", o baiacu é considerado uma iguaria. Pode ser encontrado em restaurantes especializados onde os chefes, experientes e altamente treinados, o preparam cuidadosamente para torná-lo bom para o consumo de seus fregueses. Os japoneses consideram um "expert" aquele chefe que, ao preparar o baiacu, consegue deixar uma pequena quantidade da toxina no peixe que será consumido, para provocar uma leve sensação de formigamento na boca de seus clientes. Ainda no Japão, considera-se uma prova de virilidade beber a mistura da gônoda do baiacu com saquê. Assemelha-se muito ao jogo "roleta-russa", pois não há como saber o grau de toxidade ou as chances de uma séria intoxicação sem uma prévia análise de cada "coquetel" preparado para a degustação. A ingestão da carne de baiacu é a principal causa, acidental ou proposital, de intoxicação fatal no Japão. De forma acidental, ocorre entre as pessoas que consomem o baiacu sem as necessárias precauções de limpeza e preparo. Propositadamente, fora os casos já mencionados anteriormente, ocorre para fins criminosos, para o sacrifício de animais domésticos doentes e para o suicídio humano. No Japão, o suicídio é uma forma honrosa para sair de situações sociais de total desonra moral. No Brasil, especialmente no Estado do Espírito Santo, o Baiacu-arara (Lagocephalus laevigatus) é consumido regularmente sem apresentar casos de intoxição.
Entretanto, existem trabalhos que atestam que sua toxidade varia de acordo com a época do ano. No verão, não costumam ser tóxicos, mas no inverno, podem apresentar alto grau de toxidez. É importante citar duas espécies de baiacu de pequeno porte, com ocorrência bastante comum em quase todo o litoral brasileiro (são mais raros na região sul), muito perigosas para o consumo humano; o Baiacu-pinima (Sphoeroides spengleri) que possui uma carne seriamente tóxica e o Baiacu-mirim (Sphoeroides testudineus) cuja carne, letalmente tóxica, é utilizada como veneno para o sacrifício de animais doentes. A importância desta citação específica, é que essas duas espécies são pescadas com freqüência pelos pescadores amadores. Na intoxicação pequena a moderada, a tetrodotoxina pode provocar desde um leve formigamento na boca até a queda da pressão sangüínea, com a conseqüente perda da força física. A fala e a respiração podem ser comprometidas. O entorpecimento, a dor de cabeça e os problemas gastrointestinais também são comuns nestas situações. Nos casos mais graves, a tetrodotoxina provoca a sindrome da paralisia neuromuscular, nas mais severas formas. A toxina age bloqueando a ação normal do sistema neural e das células cardíacas e a morte pode ocorrer devido ao calapso cardiorrespiratório. Os problemas neurais começam freqüentemente com contrações musculares e podem progredir para a paralisia total. Nesses casos, a vítima fica imóvel (paralisada) mas com plena consciência de tudo que está acontecendo.

Letrogenicos

São apresentados alguns peixes que não atacam o homem, defendem-se dele instintivamente, possuem orgãos especializados que produzem descargas elétricas. O choque gerado por tais seres pode provocar, fora um bom susto, algum tipo de dano ao ser humano. A eletricidade é uma importante constituinte na atividade metabólica de todos os seres vivos. No entanto, a corrente elétrica gerada pelo metabolismo da maioria dos seres costuma ser tão pequena que só pode ser detectada por instrumentos de laboratório extremamente sensíveis. Nos animais terrestres, o ar atua como um bom isolante e as pequenas descargas são difíceis de serem detectadas a qualquer distância de seu corpo. No caso dos peixes elétricos, seus orgãos especializados descarregam eletricidade através da água, à voltagens relativamente altas, para deixar suas presas aturdidas ou mesmo para protegê-los de seus predadores. Existem cerca de 250 espécies de peixes em todo o mundo com orgãos elétricos especializados capazes de produzir choque elétrico. Muitos outros são, ainda, capazes de usar as correntes elétricas como um mecanismo de detecção de outros peixes ou objetos. Dentre os vários peixes marinhos que possuem orgãos elétricos, os mais significativos, em termos de ameaça ao homem, são as arraias elétricas e os mira-céus. Aqui abordamos apenas os peixes marinhos, mas não poderiamos deixar de citar a existência de peixes de água doce mais perigosos ocorrentes no Brasil que são os poraquês, enguias elétricas e alguns bagres, dos quais oportunamente trataremos.

ARRAIAS ELÉTRICAS

Duas famílias de arraias elétricas possuem representantes em nosso litoral. A família Torpedinidae, com duas espécies do gênero Torpedo, e a família Narcinidae, com três espécies dos gêneros Diplobatis, Discopyge e Narcine. As arraias elétricas vivem em todos os oceanos temperados e tropicais do planeta e são os mais importantes membros desse grupo dos seres eletrogênicos. Embora possam ser encontradas em profundidades medianas, são, na sua maioria, arraias costeiras de águas rasas. Péssimas nadadoras, quando não estão enterradas na lama ou na areia do fundo, onde passam grande parte do dia, movimentam-se de forma bastante lenta. Todas as espécies possuem o corpo com formato de disco, sendo a cauda e a nadadeira caudal bem desenvolvidas. A descarga elétrica é uma simples reação involuntária de reflexo do animal. Com um choque contínuo ou vários repetidos, a energia acumulada se esgota. Para recuperá-la, as rais elétricas necessitam descansar por algum período. A voltagem produzida, que varia de acordo com a espécie, pode alcançar de 8 a 220 volts. As espécies mais perigosas, dos gêneros Diplobatis e Torpedo, podem produzir descargas acima de 200 volts. Os gregos, grandes conhecedores das arraias do gênero Torpedo, as denominavam "narke" __ um termo do qual derivou as palavras narcótico e narcose. Muitos médicos da antiga Roma usavam estas arraias para tratar seus pacientes com choque. A maior raia elétrica do nosso litoral é denominada Raia-torpedo (Torpedo nobiliana). Atinge 1,8 metros de comprimento e seu dorso é marrom-escuro e o ventre branco. Devido ao seu grande porte, pode produzir uma descarga de até 220 volts, bastante perigosa para o homem, apesar de não haver registros de acidentes sérios. A espécie mais comum do

Um comentário:

  1. OI,MUITO LEGAL ESSA POSTAGEM!aPESAR DE N TER LIDO TODA!MAS VC PODIA COLOCAR ALGUMA PAGINA NO SEU BLOG SO SOBRE CIENCIAS!
    bjs

    ResponderExcluir